O Impacto das Emoções sobre as Dores

Para quem pratica alguma atividade física intensa e até mesmo aqueles que não pratica, a dor é uma sensação familiar. Seja pela intensidade dos treinos ou pelos desafios físicos, ou ainda uma dor causada por uma lesão. Mas, sentir dor faz parte do jogo e não quer dizer que seja um grande problema. No entanto, há um fator muitas vezes negligenciado quando falamos sobre a percepção da dor: as emoções. As emoções podem intensificar ou aliviar a dor, influenciando diretamente a forma como ela é percebida e gerida.

As emoções nas dores

• Emoções Negativas e o Aumento da Dor:

Por outro lado, emoções negativas podem intensificar a dor. Sentimentos de frustração, preocupação ou ansiedade, especialmente em níveis baixos a moderados de excitação, podem agravar a sensação de dor durante a corrida . Além disso, emoções como ansiedade e depressão têm sido frequentemente associadas ao aumento da percepção da dor e até mesmo ao desenvolvimento de condições crônicas de dor. Atletas profissionais ou amadores, empresários ou aqueles com grande demanda de trabalho que enfrentam altos níveis de estresse emocional ou desânimo podem, assim, perceber mais intensamente as dores comuns, o que pode prejudicar o desempenho e a recuperação e, uma pequena lesão pode significar um enorme problema e preocupação.

• Emoções Positivas e a Redução da Dor:

Emoções positivas, como alegria e entusiasmo, geralmente resultam em uma percepção reduzida da dor ou mesmo deixamos de sentir dores. Isso é ainda mais evidente quando essas emoções vêm acompanhadas de um alto nível de excitação, como a euforia após concluir uma corrida ou alcançar uma meta pessoal. Essas emoções podem ajudar essas pessoas a lidar melhor com o desconforto e a continuar com suas atividades, mesmo em situações de fadiga ou lesões leves.

• Mecanismos Neurais:

O impacto das emoções na dor está relacionado a uma rede complexa de áreas do cérebro responsáveis pela dor e pelo processamento emocional. Áreas como o córtex cingulado anterior (ACC), amígdala, ínsula anterior, tálamo e as regiões pré-frontais desempenham papéis cruciais tanto na experiência da dor quanto na forma como processamos nossas emoções. A ínsula direita, por exemplo, tem um papel fundamental ao integrar os sinais de dor com o estado emocional atual, enquanto o tálamo e a amígdala modulam as respostas automáticas da medula espinhal à dor. Esse processamento conjunto entre dor e emoção ajuda a explicar por que quando se está emocionalmente abalado pode ser mais doloroso praticar uma atividade física, por exemplo, ou suportar um trabalho que normalmente se fazia.

• Estratégias de Regulação Emocional:

A boa notícia é que a dor pode ser gerida através de estratégias de regulação emocional, como a supressão emocional e o reaproveitamento cognitivo (reframing). Ambas as estratégias já demonstraram reduzir as expressões verbais e não verbais da dor. Por exemplo, ao reavaliar cognitivamente a dor – vendo-a como um sinal de progresso em vez de sofrimento – pode-se diminuir a intensidade percebida da dor. Isso sugere que, ao gerenciar as emoções adequadamente, as pessoas podem melhorar sua resistência à dor e o desempenho geral. Uma outra forma de modular as emoções é a ativação do nervo vago, que é conseguido por meio da respiração – a melhor forma de regular este nervo. Faça isso: sentado, com as costas apoiadas e em um ambiente calmo, inspire calmamente por 5 segundos e expire por 6 segundos – o importante aqui é ficar focado na respiração (mindfulness). Comece com 10 minutos diários e prossiga para até 20 minutos. Faça isso por 21 dias.

• Fatores Psicológicos e Sociais:

Além das emoções, fatores psicológicos como o estresse emocional e a falta de consciência emocional estão fortemente associados a uma maior percepção de dor. Para muitos, não reconhecer ou processar corretamente suas emoções pode resultar em uma experiência de dor mais intensa e prolongada. Fatores sociais, como a forma de se comunicar emocionalmente, a empatia de treinadores, chefe ou colegas, e os laços de apoio emocional também têm impacto direto na percepção da dor. Quem tem uma boa rede de apoio social tendem a sentir menos dor, enquanto aqueles com relações sociais mais frágeis podem perceber a dor de forma mais intensa. Assim, a gestão emocional e o apoio social devem ser considerados parte integrante da preparação física e mental .

Conclusão

As emoções desempenham um papel fundamental na forma como percebemos e enfrentamos a dor. Emoções positivas podem ajudar a aliviar a dor e melhorar o desempenho, enquanto emoções negativas tendem a intensificar a dor, tornando as atividades mais desafiadores. A integração das emoções com a percepção da dor ocorre por meio de mecanismos neurais complexos, o que mostra a importância de abordagens emocionais no gerenciamento da dor. Estratégias de regulação emocional e um forte apoio social podem ser ferramentas eficazes para melhorar a experiência, tanto durante uma atividade quanto na recuperação. Ao compreender melhor a relação entre emoções e dor, podemos adotar estratégias mais eficazes para superar os desafios físicos.

Por |2024-09-14T10:57:43+00:0014 de setembro de 2024|Fisioterapia, Medicina Esportiva, Performance, Saúde e bem-estar|0 Comentários
Ir ao Topo